É impossível falar sobre os principais peixes fisgados na pesca esportiva e não mencionar o tucunaré. Além de lindo e colorido, ele é famoso por suas fisgadas agressivas e por não desistir fácil de uma briga.
Porém, o que algumas pessoas não sabem é que existem diversas espécies de tucunaré. Embora possuam características em comum, elas variam em aparência e, algumas vezes, em comportamentos.
Continue a leitura para saber mais sobre o tucunaré e todas as suas variações, e assim, saber identificar e fisgar cada uma delas!
Afinal, o que é um tucunaré?
Quando falamos em tucunaré, estamos nos referindo a todos os peixes do gênero Cichla, também conhecidos como ciclídeos. Habitantes de água doce, são naturais dos rios da América do Sul, e no Brasil, podem ser encontrados desde na Bacia do Prata, passando pelo Pantanal e o Rio São Francisco, até os açudes do nordeste e o Rio Amazonas.
Não se sabe ao certo o significado de “tucunaré”, mas a palavra pode ter duas origens: a primeira, de origem tupi, seria a junção de “tucun” (arvoré) e “aré” (amigo), ou seja, “amigo das árvores”; outra versão, de origem também indígena, aponta que o nome do peixe significa “olho para trás”, uma referência à mancha em formato de olho que o animal tem na cauda.
Em geral, costuma medir entre 30 e 80 centímetros, e pesar até 10 quilos, porém, não é impossível encontrar exemplares com 1,20 metro e 16 quilos. Seu comportamento é bastante agressivo, com uma fisgada forte e rápida.
Um fato curioso é que o tucunaré é um dos peixes que pode ser pescado durante a piracema, já que não tem o costume de subir os rios para acasalar. Geralmente, fica mais ativo pela manhã ou ao entardecer, portanto, esses são os melhores horários para fisgá-lo.
Quais são as espécies de tucunaré?
Em 2006, os ictiologistas Sven Kullander e Efrem J. G. Ferreira publicaram uma revisão a respeito dos peixes do gênero Cichla e descobriram que, ao todo, existem quinze espécies de tucunaré – até então, apenas seis haviam sido catalogadas. São elas:
Nome científico | Nome popular | Onde habita |
Cichla ocellaris | tucunaré-borboleta-florida, tucunaretinga, lucunari e lacunari | Amazonas, Minas Gerais e São Paulo |
Cichla orinocensis | tucunaré-borboleta | Amazonas |
Cichla nigromaculata | tucunaré-tauá | Amazonas |
Cichla monoculus | tucunaré-popoca | Amazonas |
Cichla kelberi | tucunaré-amarelo | Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Tocantins |
Cichla pleiozona | tucunaré-pitanga | Roraima |
Cichla mirianae | tucunaré-fogo | Amazonas e Pará |
Cichla melaniae | não-definido | Amazonas e Pará |
Cichla piquiti | tucunaré-azul | Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Tocantins |
Cichla thyrorus | não-definido | Amazonas e Pará |
Cichla jariina | tucunaré-jari | Amazonas |
Cichla pinima | tucunaré-pinima | Amazonas, Bahia e Rondônia |
Cichla vazzoleri | não-definido | Amazonas, Bahia e Rondônia |
Cichla temensis | tucunaré-açu | Amazonas |
Cichla intermedia | tucunaré-real | Amazonas |
A seguir, vamos falar sobre as principais espécies encontradas no Brasil, incluindo seus nomes populares e suas características físicas e comportamentais.
Tucunaré (Cichla ocellaris)

Essa foi a primeira espécie catalogada, ainda em 1801, e por isso é chamada popularmente apenas de tucunaré, ou de variações como borboleta florida, tucunaretinga, lucunari e lacunari. É bastante conhecido por ser abundante nas regiões central, norte e nordeste do Brasil, e pode ser encontrado até mesmo na Índia e na América do Norte.
Entre todos os peixes da lista, esse é um dos que pode chegar a ter maior porte, alcançando mais de 1 metro de comprimento e 15 quilos, em algumas situações. Com relação à coloração, seu corpo é amarelo-esverdeado, podendo apresentar tons de azul e vermelho nas extremidades.
Tucunaré-amarelo (Cichla kelberi

Sem dúvidas, uma das espécies mais cobiçadas pelos pescadores. É conhecido por sua coloração amarela, com tonalidades de verde e azul na cabeça e nadadeira dorsal, e de vermelho na cauda e nadadeiras inferiores.
Também pode ser reconhecido pelas três manchas na lateral do corpo, a marca em forma de olho na cauda e pela protuberância na parte frontal da cabeça – esta última característica, uma exclusividade dos machos.
Possui porte médio e raramente ultrapassa os 30 centímetros de comprimento. Apesar disso, é bastante voraz e agressivo na fisgada.
Tucunaré-azul (Cichla piquiti)

Como o próprio nome indica, o tucunaré-azul se difere de seus primos por sua coloração, que é azulada, podendo apresentar detalhes em verde, vermelho e amarelo. Os machos também possuem o famoso calombo na parte frontal.
É uma variação de porte médio (chegando, no máximo, aos 80 centímetros), muito comum nas Bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins, e com aparições na Bacia do Prata e nos açudes do nordeste.
Tucunaré-açu (Cichla temensis)

O tucunaré-açu é o maior entre todas as espécies, podendo ultrapassar 1,20 metro e 12 quilos. Habita principalmente o Rio Amazonas e seus afluentes e é muito raro vê-lo em outras bacias.
Quando falamos sobre aparência, essa espécie costuma ser a mais colorida. O corpo geralmente é misto entre amarelo na parte de baixo e verde na parte de cima, e possui as três pintas características. Na nadadeira de cima, possui detalhes em azul, e nas de baixo e na cauda, traz manchas vermelhas.
Para capturá-lo, utilize boas iscas, equipamento reforçado e evite ao máximo dar linha para o animal – ou ele vai acabar fugindo.
Tucunaré real (Cichla intermedia)

Embora tenha se originado na Amazônia, como todos os tucunarés, essa espécie já é mais popular fora do país. Atualmente, habita principalmente o rio Orinoco, que passa pela Venezuela e pela Colômbia.
Não costuma ultrapassar 50 centímetros e 3 quilos. No que se refere a sua aparência, é predominantemente verde com halos amarelados e alguns detalhes em vermelho e azul nas extremidades.
Essas são apenas algumas das espécies de tucunaré, e geralmente, são as mais encontradas durante a pesca. Independentemente de qual você estiver pescando, tenha certeza de que é um animal muito esportivo, e será preciso muita técnica e força para dominá-lo.
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